Os Cinco Mitos do Treinamento de Cachorro

Os mitos sobre o treinamento do Clicker e o treinamento positivo são muitos. Os ouço a toda hora: "você não pode utilizar um Clicker e recompensas na pista de provas." "Meu cachorro positivamente treinado se esqueceu de tudo e atropelou um carro." "Tentei com este treinamento e meu cachorro nunca fez algo a menos que tenha um prêmio para ele. "·.

Aposto que tem casos onde cada uma destas declarações pode ser verdade; mas estou convencida que a falha é do treinador e não do método. O que não serve é o instrutor, não o sistema. Este artigo explica a verdade atrás dos mitos mais comuns do treinamento com Clicker.

Meu cachorro está obcecado com o alimento ou trabalhará somente quando o alimento -ou o Clicker- estejam presentes.··.

Esta é uma objeção feita com frequência por gente que treina seus cachorros para as exposições de obediência ou beleza. Não podem usar Clicker ou prêmios na pista, assim ficam temerosas que seu cachorro não realize as provas. O alimento é uma ferramenta maravilhosa de adestramento de cães. Os cachorros o desejam e o exigem, é um reforçador natural. Mas, como qualquer instrumento, deve ser utilizado corretamente. Ensine-lhe o controle de si mesmo. Alguns cachorros, os que estão desacostumados a muita variedade em sua dieta, focalizam toda sua concentração num pedacinho de alimento. Alguns exercícios básicos de atenção ajudarão estes cachorros a dirigir suas mentes ao alimento e a realizar a tarefa pedida. Comece segurando um pedaço de alimento (petisco) em seu punho fechado. Seu cachorro se cheirará, se lamberá provavelmente, e colocará a pata em seu punho para conseguir abri-lo. Aguarde o momento em que se detenha brevemente em sua exploração, clique e ofereça-lhe o prêmio. Repita até que o cachorro aprenda que isso, assaltar sua mão, não lhe fará conseguir nenhum alimento. Então, eleve seus critérios. Sustente o alimento longe de você, e aguarde até ele olhe para você. Uma olhada rápida -ainda que fugaz- é suficiente. Clique e recompense-o. Aumente gradualmente seus critérios até que o cachorro mantenha o contato visual com você em vez de olhar fixamente a mão do alimento. Seja paciente. Não mencione o nome de seu cachorro, aguarde que ele faça o comportamento desejado. Não importa quanto persistente ele seja, ele tem que tirar seus olhos do alimento em algum momento. Não guarde os petiscos em seu corpo. Quando você está treinando em casa, mantenha os petiscos num local longe de você. É aceitável se caminhar alguns passos para conseguir o prêmio depois de você ter clicado. Quando levar os prêmios (petiscos) com você mantenha-os num embrulho fechado ou carregue num bolso, e saque-os um por vez depois de o cachorro realizar o comportamento desejado. Resista ao impulso de colocar vários em sua mão. Se tiver que levar no bolso recompensas frequentemente, considere guardá-las bem, assim seu cachorro não associará a presença do alimento ao trabalho. Reduza ao mínimo os petiscos de alimento. Troque os petiscos de alimento frequentemente. Alguns cachorros se negam a recebê-lo e se centram somente no alimento, se você utiliza o mesmo chamariz sempre. Ao não aceita-lo, lhe dará os prêmios que você leva consigo. Diminua o valor do Clicker e os prêmios uma vez que o comportamento está associado a uma ordem. Uma vez que o comportamento esteja sob uma ordem ou sugestão, troque o Clicker por um marcador verbal, e comece a usar uma variedade de reforçadores: alimento, petiscos, caricia, brinquedos e elogios. Aumente gradualmente o número das repetições realizadas somente com elogios. Se seu cachorro começa a sentir-se frustrado, utilize mais recompensas –petiscos- por algum tempo, então aumente as repetições com elogios com maior frequência. Você quer que este reforço variável motive seu cachorro, para não frustrá-lo. Realizado corretamente, pode economizar eventualmente prêmios para os novos comportamentos e as recompensas especiais. De qualquer maneira, não pare de reforçar seu cachorro. Ofereça sempre um elogio ou um sorriso ou acaricie-o para fazer-lhe saber que, o que ele tem feito, é o que você deseja. · 

Meu cachorro não tem nenhuma disciplina, não desejo castigá-lo, assim ele funciona conforme seus caprichos. Ser um adestrador do Clicker não significa que não possa fixar e fazer cumprir regras em sua casa. Não pode só impor regras, deve fazê-lo obedecer! De qualquer maneira, deve ser um agente de regras benévolas mais que um ditador malicioso. O primeiro passo para impor regras benévolas é identificar os comportamentos que deseja trocar. Cada vez que joga reciprocamente com seu cachorro, pergunte-se, “Meu cachorro faz o que ele quer”? O segundo passo é definir o que você quer que seu cachorro faça. Se seu cachorro está fazendo algo que não lhe agrada, não deve querer que ele repita sempre. Não basta dizer "quero que ele pare de fazer o que está fazendo." Ele poderia parar de fazê-lo e eleger fazer algo pior, e então você teria que parar este outro comportamento também. É mais rápido definir o que você quer que ele faça desde o início. Por exemplo: Quero que meu cachorro permaneça sentado enquanto preparo seu alimento. (não "quero que meu cachorro brinque sobre mim enquanto preparo seu alimento.") Quero que meu cachorro se sente ao pé da escada quando está subindo ou descendo alguém. Quero que meu cachorro fique deitado em sua cama enquanto a família janta. Quero que meu cachorro deite-se em seu lugar quando tenho visitas. O terceiro passo é administrar a situação, pois seu cachorro não pode fazer o que quer no lugar do comportamento desejado. O cachorro realiza o comportamento indesejado porque foi reforçado de algum jeito. Por exemplo, um cachorro brinca sobre alguém como saudação, inclusive se a pessoa berra e o empurra para longe. Por quê? Porque o cachorro deseja a atenção. Se ele não brinca, provavelmente, não lhe dão atenção. Ele brinca, inclusive se berram ou lhe batem. Até que você possa ensinar seu cachorro que o saltar sobre uma visita não será reforçado, salvo que permaneça sentado cortesmente, maneje a situação colocando-o em outro lugar. O passo final é treinar um comportamento desejado. Se você reforça o novo comportamento e simultaneamente ignora o velho comportamento, o cachorro elegerá rapidamente fazer o novo comportamento. · 

 

 

Os cachorros treinados com o Clicker elegerão desobedecer porque não tem consequência por não esforçar-se. Não fazer caso a um comportamento indesejado Porque os adestradores do Clicker elegem frequentemente não fazer caso de um comportamento indesejado, um mito que se tem apresentado é: que o Clicker e outros adestradores de métodos positivos não utilizam nenhum castigo e que, portanto, não tem consequências nos cachorros que não se esforçam. Não fazer caso de um comportamento indesejado é uma técnica chamada extinção. 

 

A extinção é um princípio do condicionamento instrumental que indica que se um comportamento não se reforça, se eliminará gradualmente. É a retirada de uma recompensa, ou a perda de uma oportunidade para uma recompensa. Por exemplo, o treinador anuncia "sentado". O cachorro oferece um "deitado". Em vez de corrigir ao cachorro, aguarda cinco segundos, então anuncia outra vez. Se o cachorro se senta, o adestrador o reforça. Porque o "deitado" não foi reforçado, é menos provável que a vontade do cachorro persista enquanto "sentado" ele ganha um prêmio. Em outro exemplo, a mesma técnica se pode utilizar para ensinar um comportamento alternativo. Um cachorro salta nos transeuntes. O adestrador aguarda que o cachorro pare de saltar, então reforça a pausa. Para acelerar o processo, se instala um programa onde uma pessoa passará pela casa várias vezes. Reforça-se o cachorro abundantemente nos momentos de calma, não fazendo caso aos "saltos". O cachorro aprende gradualmente que é reforçado para ser moderado, assim os "saltos" se extinguem.

 

Castigo negativo Além da extinção, os adestradores do Clicker utilizam o castigo negativo. O castigo negativo é o retiro de algo para diminuir a frequência de um comportamento. Os exemplos incluem tirar a atenção, ir num momento ao lado do cachorro, e usar a alimentação como um convite a outro cachorro (ou come-lo você mesmo). Quando os adestradores do Clicker desejam suprimir um comportamento indesejado, confiam com maior frequência no castigo negativo que o castigo positivo porque o castigo negativo é igualmente eficaz e não causa nem medo nem dor. Ainda tentam confiar o mais frequentemente possível no reforço positivo, a ideia que o utilizam com exclusividade é totalmente falsa.

 

Confiabilidade Treinamos os cachorros para fazer mais agradável nossa coexistência. Uma grande parte desse treinamento ensina as ordens ao cachorro para realizar certos comportamentos. A meta do treinamento é para que a resposta à ordem seja quase automática, quase um reflexo. Se você conduz um carro com transmissão manual, realiza a troca de marchas automaticamente. Recorda quando aprendeu primeiro a fazer as mudanças? Recorda o funcionamento das mudanças cada vez que tem que realizá-las? Pense quantas vezes teve que fazê-los apenas numa viagem curta através da vizinhança. Pense em todas as repetições que você faz nessa alavanca. Uma parada, o som do motor que acelera quando você ganha velocidade, uma luz que troca de vermelho ao verde, estes são todos os sinais para que você troque de marcha ao conduzir. E você o faz somente com um pensamento automático.

 

De qualquer maneira, o condicionamento não é 100%. Se você está fazendo uma prova do auto que lhe requeira fazer que o motor trabalhe num número o mais alto de revoluciones, pode eleger não fazer caso do som do motor que acelera. É igual no adestramento do cachorro. Se você faz as repetições, treina para as distrações, e generaliza o comportamento a diversas localizações, a ordem ou sinal e o comportamento serão quase inseparáveis. Nenhum adestramento tem a garantia de 100% que ocorra o comportamento. O cachorro tem sempre uma opção, e você pode encontrar algum dia uma distração para a qual não o treinou. Mas construindo uma história sólida do reforço e fazendo as repetições, você está aumentando a probabilidade que o cachorro os realizará confiavelmente. · 

 

Os cachorros treinados com o Clicker carecem da precisão dos cachorros treinados com métodos tradicionais. Uma das melhores técnicas que emergem do treinamento do Clicker é a forma pura. Na forma pura, o comportamento se reduz as seus passos mais básicos, mais minúsculos. Por exemplo, para formar uma volta, o treinador pode primeiro recompensar um giro a direita, a uma volta principal minúscula, a uma volta principal maior, trocar de posto do aprumo, depois ao movimento de uma pata, etc., até que o cachorro esteja fazendo uma volta completa. Esta é a forma como os adestradores de cães de golfinhos e outros que não podem manipular fisicamente (modelo) as seus animais treinam os comportamentos complexos. A única limitação é a habilidade do adestrador de cachorro. A precisão é ganha gradualmente aumentando critérios. O problema mais comum é o erro do adestrador de não dividir o comportamento em minúsculas seções. 

 

O treinador de cahorro pode pretender adiantar demasiado rápido, desejando começar com um passo a direita, quando ele deveria começar com um movimento do cachorro nessa direção. Também, pode subir os critérios imediatamente, movendo-se desde uma volta principal a um passo completo. Ou o adestrador não pode ter um quadro completo do qual será o comportamento final "perfeito", fazendo o treinamento menos enfocado ou defeituoso. O formar confia na boa vontade do animal de oferecer comportamentos. Se um comportamento oferecido, não ganha uma recompensa, o cachorro deve estar disposto a experimentar até que calcula que ganhará uma recompensa. Esta é uma razão pela qual os adestradores do Clicker confiam tanto no castigo negativo. Uma vez que um cachorro entenda o método, retendo uma recompensa motiva ao cachorro para intentar algo mais. De qualquer maneira, se castiga uma opção incorreta usando o castigo positivo, o cachorro pode chegar a vacilar em oferecer outro comportamento pelo medo de receber outro castigo. · 

 

 

Os cachorros treinados com Clicker se desmoronam quando se estressam. Em certo grau, esta afirmação é verdade.  Se um animal foi criado num ambiente positivo, num ambiente livre de estresse, será incapaz de atuar quando estiver frente com uma tensão. O mesmo é válido ao humano. As experiências negativas -o estresse- é uma parte da vida. Estas incluem as visitas de emergências ao veterinário, as viagens ao cabeleireiro, ser acariciado por pessoas que não conhecem, as discussões entre os membros familiares, e vendo coisas aterradoras que passam outros cachorros na rua ou no pátio do vizinho. É sua responsabilidade preparar seu cachorro nestas experiências. Afortunadamente, prepará-los para suportar a tensão não requer sujeita-los a experiências horríveis Exponha seu cachorro a tantos ambientes diferentes quanto possível. 

 

O cachorro que vive isolado é muito mais nervoso que o mundano. Um cachorro que conhece uma variedade de pessoas vê bicicletas e automóveis, visitou edifícios, parques e as ruas da cidade cheias de gente, provavelmente se adaptará mais rapidamente a um novo ambiente. Ocupe-se de seu cachorro. O treinamento de cachorro com pestico do Clicker incentiva o treinamento de não intervenção, mas isso não significa que você não deve ocupar-se de seu cachorro. Dessa forma, você deve treinar seu cachorro para permitir-lhe limpar suas orelhas, examinar sua boca, e cortar suas unhas. Seu veterinário e tosador lhe agradecerão. Com suavidade tire sua cauda e lhe premie por permiti-lo. Você nunca sabe quando se apresentará uma ocasião em que deva fazê-lo por necessidade. 

 

Ensine seu cachorro que o manuseio e sujeição equivalem a relaxamento. Instintivamente, seu cachorro lutará resistindo. Isto pode complicar uma situação futura, pior se seu cachorro alguma vez tiver que receber tratamento veterinário de emergência. Envolva seus braços ao redor seu cachorro. Enquanto ele relaxa, clique e premie-o. Repita isto todos os dias. Com bastante repetição ele se torna condicionado. 

 

Conclusão O Clicker é, em sua forma mais simples, só um método de treinamento como qualquer outro. Feito adequadamente funciona. A diferença do Clicker vem de sua filosofia de premiar o bom e ignorar o mal. Anima o treinador para concentrar-se no que o cachorro corrige. Da uma oportunidade ao cachorro para aprender a existir neste mundo estranho, muito estranho para ele. O Clicker não só treina e produz cachorros especiais, senão que também fortalece esse vínculo precioso entre o cachorro e o humano. E se não é por essa razão, por que temos cachorros? 

 

Fonte traduzida: https://personales.ciudad.com.ar/clickerargentina/los_cinco_mitos.htm